Nada de ceia, pular as sete ondas, guardar caroços de uva na carteira, tomar sopa de lentilhas ou jogar flores para Iemanjá... Sim, sim, a passagem de Ano-Novo, desta vez, vai ser diferente. Com direito a vinho, beijo na boca e sob chuvas de fogos de artifício em Buenos Aires, defronte ao Obelisco. Já estou com as passagens nas mãos! Dia 27, chego à capital argentina.
Sabia que tinha de voltar à Bs As, pelo fato de ter gostando muito da viagem passada. Mas não esperava que esse retorno fosse ocorrer em tão curto espaço de tempo. E numa data tão fascinante. Aliás, não imaginava passar o Ano-Novo ao lado de alguém de quem gosto muito. Isso já faz tanto tempo... Fico até com medo de a coisa fracassar.
Meu último Ano-Novo com Luciano foi horrível. Não por ter sido na Praia Grande, em companhia da família dele, que significavam, resumidamente, uma chatisse. Mas porque brigamos, por banalidades, como sempre. E me lembro daquele dia fatídico como se fosse hoje. Passei o Ano-Novo chorando de tristeza.
Dessa vez, se eu chorar, vai ser de alegria. Alegria por ter superado tantas coisas com Juan. Por ter percebido o quanto cresci como pessoa. Sim, as dificuldades nos fazem crescer muito.
Com ele aprendi muitas coisas, dentre as quais a de que o homem idealizado nos contos de fadas não existem. As pessoas têm defeitos, têm passado e isso vem junto, não se pode anular.
Aprender a aceitar alguém como ela é, e ainda querer compartilhar sua vida com ela, é um ato corajoso. Eu nunca me imaginei envolvida com uma pessaoa que tivesse sido casada, tivesse filhos. Que morasse em outro país, que me visse de três em três meses.
Nunca imaginei, na verdade, que amor altruísta pudesse existir. Mas parece que sim. Os dias têm mostrado que sim.
É por isso que acho que cheguei a um estado de despreendimento que nunca alcancei. A do amor maior. Um amor maior que eu, como diz quela música brega. Quem conhece esse amor, não precisa de muita coisa para se sentir feliz. A sensação de plenitude é absurdamente deliciosa.
São por essas e outras que esse encontro vai ser, para mim, especial. E desejo que não ssignifique, apenas, a passagem para mais um ano. Mas a confirmação de que seja a primeira de muitas outras.