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3/30/2008

Descobertas

Às vezes, a gente precisa de uns chacoalhões para acordar e dar-se conta do tamanho da nossa arrogância. Os últimos acontecimentos têm me mostrado isso: o quanto eu preciso mudar, ser mais humilde, gentil, enfim, simples, como a maioria das pessoas - e eu faço parte da maioria.

A pecha de "patricinha" me fez muito mal, honestamente. Principalmente porque o adjetivo está ligado à alienação, o que definitivamente eu não sou. Decidi, então, que quero ser uma pessoa comum, que trabalha no centro da cidade, usa transporte público e tem de aprender a conviver com as putas, a sujeira, o barulho, a pobreza e as mazelas de uma cidade grande como São Paulo.

Essa experiência tem me feito bem. O metrô é limpo, organizado, rápido e seguro. É bom olhar as pessoas, encará-las, e imaginar o que elas estão pensando, tão cedo. É bom focar as atenções no outro, ainda que o outro seja desconhecido. É bom cumprimentar as pessoas no elevador, ter a quem pedir licença, ter companhia durante o almoço e falar sobre mil assuntos que não trabalho. Parece que nasci para vida...

Agora estou à procura de um alguém para dividir as contas do conjugado que eu pretendo alugar ali na Bela Cintra. Quero assumir o lado paulistano que sempre existiu em mim.

Faz só uma semana, mas tudo é tão novo e fascinante... Por isso eu digo: no fundo, tudo opera para o bem, mesmo que a gente custe um pouco a entender. Estar sozinha, neste momento, também tem o seu por quê. São os meus 30 anos me obrigando a crescer.

3/25/2008

Respostas inesperadas

O mais interessante da vida é que as respostas para as nossas mais angustiantes dúvidas vêm justamente no momento em que tudo fica quieto.

3/23/2008

E a amiga se casou. Felicidades!

3/20/2008

Elizabeth Gilbert

Dentre todas as coisas que me faltam, nada me ressente mais que a falta de um cúmplice. Ah, cansei de ser sozinha. E ainda tem gente por aí que se orgulha de dizer que é sozinho por opção. Ah, tem dó! Vai enganar quem com essa conversa?

Sabe, tenho muita inveja da jornalista Elizabeth Gilbert, que se revoltou após uma separação, largou tudo e foi viajar. Passou um ano entre Bali, India e Itália, comendo tudo -ah, ela engordou 10 quilos - e fazendo absolutamente tudo o que ela tinha vontade. Medo do imprevisível? Dane-se. A gente tem direito de ser feliz, sim. E, se tem gente que prefere ficar sozinho pra não correr nenhum risco, meu... go f**k yourself.

PS.: O livro é divertidíssimo e o capítulo Itália merece atenção especial. Uma ótima continuação para o "Só: Dores e Delícias de Morar Sozinha", que ganhei da Nani e terminei semanas atrás. Dois ótimos manuais de sobrevivência para a mulher contemporânea.

3/16/2008

Para os momentos de solidão

"Tomei um calmante, um excitante, e um bocado de gim"
Chico Buarque, Bastidores


Dizem que, para entreter um devaneio, nada melhor que um bocado de gim.
Daí o sucesso do Dry Martini, drink-tablado dos solitários de plantão, o famoso "água suja com azeitona" que desperta o nosso artista interior: algumas doses e a gente canta, dança, levanta os braços, sobe no placo e faz até strip tease... É, sem dúvida, a melhor invenção de um norte-americano.

Não sei se o que me conquistou foi a aparente simplicidade, o aroma floral e seu sabor inteiro, sem escaramuças. Um drink extremamente seco, com 47º de teor alcoólico - o vinho tem 13º -, incolor e com cheiro de perfume.

Ele é perfeito, eu amo. Só por isso, ele merecia uma página inteira do blog.
Para quem não conhece, segue a receita, retirada do livro "Dores e Delícias de ser Sozinho".

Ingredientes:
2 cálices de gin
1 cálice de vermute seco
1 colher de chá de angostura
4 cubos de gelo
Azeitona verde

Modo de Preparo:
Coloque na geladeira tudo o que é necessário: os copos, o gim, a coqueteleira.
No gelo bem duro derrame primeiro as gotas de Noilly Prat, depois meia colher de café de angustura. Só conserve o gelo, que mantém vestígios muito leves dos dois perfumes, e derrame o gim puro sobre esse gelo. Misture e sirva. Isso é tudo, não há mais nada além disso.

PS.: É preciso que o gelo utilizado seja totalmente congelado, muito duro, numa temperatura de maios ou menos 20 graus abaixo de zero, para que não solte água. Nada pior que um martini aguado. E isso é tudo!

3/02/2008

Stuck in a Moment

Quem é que gosta de esperar? Seja na fila do supermercado ou no estacionamento do shopping lotado em véspera de feriado, a sensação de impotência diante de qualquer problema que não podemos resolver chega a ser torturante. Ela faz pessoas sensatas como eu e você, que não acha brecha na agenda nem para fazer o pipi, perder completamente a compostura.

Seria por isso que estamos ficando tão intolerantes, prepotentes (se o outro não fizer eu mesma faço), ansiosos e neuróticos? Somos desconfiados demais (será que posso confiar no outro?), individualistas demais, práticos demais e pouco afetuosos.

Como me disseram outro dia, estamos nos tornando pessoas de "coração frio e amargo". Obcecados pelo perfeito (já tá pronto, dá menos trabalho).


Eu tô vivendo um momento desses e confesso que ficar em stand by é odioso. Mas devo reconhecer, ainda que frustrante, a minha limitação: não posso resolver todas as coisas quando quero só porque odeio esperar.

Não posso estalar os dedos e encontrar, imdiatamente, outro trabalho mais legal que me garanta o meu salário atual. Não posso pedir ao gênio da lâmpada que pule os meses do calendário e faça 2010 chegar logo, para eu mudar de vez para o meu apartamento.

Pode ser que o eremita com quem saio de vez quando se posicione; pode ser que o emprego dos meus sonhos caia mesmo do céu; pode ser que eu tenha férias definitivas do emprego atual e vá bater pernas em Barcelona; pode ser que a resposta sobre o projeto do livro venha repentinamente da Alemanha; pode ser que amanhã eu acorde em Berlim. Enquanto todas essas questões se resumirem a um enorme ponto de interrogação, só resta esperar. Com serenidade, diria a minha psicóloga, para não enlouquecer.

Mas e vc, está à espera de quê? Um amor, uma cura, um milagre?
Ou vai me dizer que nunca viveu algo assim?