SOBRE AMOR
Não sei, ando muito analítica. Tentando achar sentido para as coisas, embora não exista um sentido para tudo. Olhares, silêncios, cheiros... nada passa por mim indiferente. Tudo desperta as minhas emoções e, automaticamente, o meu senso crítico.
Sábado fui ver Primavera, Verão, Outono, Inverno... Primavera, que saiu do circuito comercial há algum tempo. Além de crescimento espiritual, fé, superação, entrega, sabedoria e sacrifício, o filme fala de amor. O amor que tanta gente diz sentir, e na verdade nunca chegou perto...
Não que eu seja entendida do assunto. Se eu soubesse, aliás, como tratar o tema em termos práticos, não teria carregado tantas desilusões e decepções ao longo dessa vida. Mas é que os erros trazem aprendizados importantes e um deles é o de que o amor, para ser pleno, tem de ser livre. E amor implica algumas renúncias. A renúncia do outro, se for o caso. A renúncia do amor, se for o caso. E é sobre isso a que me refiro.
Muita gente acha que amar é ter o outro. Ter a "segurança" de que aquele amor é seu, que o outro lhe pertence. Que o amor do outro não pode acabar. E não é permitido dar-se outra chance, pois apaixonar-se por outro é traição, pecado. Enfim, se esquece de que o amor tem de ser livre, e o ser humano tem uma infinita capacidade para amar, muitas vezes.
No filme, é mais ou menos isso que acontece. Um monge e seu discípulo vivem isolados do mundo, e tudo que sabem sobre a vida é amar. Amar a natureza, os peixes, os seres vivos.
Numa brincadeira traquina, o discípulo, ainda menino, inocentemente amarra um peixe, uma rã e uma cobra a uma pedra, para que não os perdesse de vista. Mas, claro, dias depois, todos morrem todos. O mestre tenta lhe dar uma lição, amarrando uma pedra em seu corpinho, mas, embora se arrependa muito do que tenha feito, não aprende a lição.
Na dolescência se apaixona por uma menina que visita o templo e foge com ela para cidade. Anos mais tarde, volta ao templo fugindo da polícia, porque assassinou cruelmente a mulher a facadas, ao descobrir que ela estava apaixonada por outro homem.
Por isso não aprendeu a lição: fez com a mulher o que tinha feito quando criança: tirou a liberdade e a vida do que dizia amar, amar demais...
O filme retrata, por isso, como entendemos errado o que é amor. A começar pela etimologia da palavra que traduz a vida a dois, conjugal. Conjugar, segundo o nosso dicionário, significa "prender(se) ao mesmo jugo. Jugo siginifica "barra ou armação de madeira, pela qual dois animais, especialmente bois, são unidos pelo pescoço ou pela cabeça para o trabalho, canga." E Canga = domínio, opressão.
Então, etmologicamente, ter uma vida conjugal significa "carregar o mesmo fardo". Deixar-se dominar. Ser o dominador, para o bom entendedor. Nos ensinaram assim. O dicionário diz assim.
Mas não pode ser assim. Casamento não pode ser fardo a carregar. Não pode ser sofrimento, muito menos opressão.
Lembrei-me da metáfora de Rubens Alves, A Menina e o Pássaro Encantado. Lembram-se? Ela quase matou o pássario quando o aprisionou numa gaiola...
Não se prende o amor por uma pedra. Não se coloca o amor em gaiola. Amor não espera. Amor é livre.
De uma coisa estou certa: enquanto tiverem essa visão torpe e egoísta sobre amor, estarei só. Porque ninguém vai ser digno o bastante para receber o que tenho para dar.
Sábado fui ver Primavera, Verão, Outono, Inverno... Primavera, que saiu do circuito comercial há algum tempo. Além de crescimento espiritual, fé, superação, entrega, sabedoria e sacrifício, o filme fala de amor. O amor que tanta gente diz sentir, e na verdade nunca chegou perto...
Não que eu seja entendida do assunto. Se eu soubesse, aliás, como tratar o tema em termos práticos, não teria carregado tantas desilusões e decepções ao longo dessa vida. Mas é que os erros trazem aprendizados importantes e um deles é o de que o amor, para ser pleno, tem de ser livre. E amor implica algumas renúncias. A renúncia do outro, se for o caso. A renúncia do amor, se for o caso. E é sobre isso a que me refiro.
Muita gente acha que amar é ter o outro. Ter a "segurança" de que aquele amor é seu, que o outro lhe pertence. Que o amor do outro não pode acabar. E não é permitido dar-se outra chance, pois apaixonar-se por outro é traição, pecado. Enfim, se esquece de que o amor tem de ser livre, e o ser humano tem uma infinita capacidade para amar, muitas vezes.
No filme, é mais ou menos isso que acontece. Um monge e seu discípulo vivem isolados do mundo, e tudo que sabem sobre a vida é amar. Amar a natureza, os peixes, os seres vivos.
Numa brincadeira traquina, o discípulo, ainda menino, inocentemente amarra um peixe, uma rã e uma cobra a uma pedra, para que não os perdesse de vista. Mas, claro, dias depois, todos morrem todos. O mestre tenta lhe dar uma lição, amarrando uma pedra em seu corpinho, mas, embora se arrependa muito do que tenha feito, não aprende a lição.
Na dolescência se apaixona por uma menina que visita o templo e foge com ela para cidade. Anos mais tarde, volta ao templo fugindo da polícia, porque assassinou cruelmente a mulher a facadas, ao descobrir que ela estava apaixonada por outro homem.
Por isso não aprendeu a lição: fez com a mulher o que tinha feito quando criança: tirou a liberdade e a vida do que dizia amar, amar demais...
O filme retrata, por isso, como entendemos errado o que é amor. A começar pela etimologia da palavra que traduz a vida a dois, conjugal. Conjugar, segundo o nosso dicionário, significa "prender(se) ao mesmo jugo. Jugo siginifica "barra ou armação de madeira, pela qual dois animais, especialmente bois, são unidos pelo pescoço ou pela cabeça para o trabalho, canga." E Canga = domínio, opressão.
Então, etmologicamente, ter uma vida conjugal significa "carregar o mesmo fardo". Deixar-se dominar. Ser o dominador, para o bom entendedor. Nos ensinaram assim. O dicionário diz assim.
Mas não pode ser assim. Casamento não pode ser fardo a carregar. Não pode ser sofrimento, muito menos opressão.
Lembrei-me da metáfora de Rubens Alves, A Menina e o Pássaro Encantado. Lembram-se? Ela quase matou o pássario quando o aprisionou numa gaiola...
Não se prende o amor por uma pedra. Não se coloca o amor em gaiola. Amor não espera. Amor é livre.
De uma coisa estou certa: enquanto tiverem essa visão torpe e egoísta sobre amor, estarei só. Porque ninguém vai ser digno o bastante para receber o que tenho para dar.
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