Compartilhar

11/23/2005

mulherzinha

Hoje eu acordei mulherzinha. Mulherzinha, mulherzinha, mulherzinha. Estranho. Vesti-me cor-de-rosa. Comecei a ler romance meloso, assisti novela. Não me importei quando me questionaram se eu era "senhorita" ou "senhora". Acordei assim. Sem vontade de falar o que penso porque poderia irritar os outros. Sem paciência de discutir ao ouvir alguma das costumeiras barbaridades do dia-a-dia, cansada só de me imaginar nadando um pouco que fosse contra a corrente. Morrendo de preguiça de levantar peso, abrir garrafa de vinho, trocar a lâmpada queimada. É. Acordei mulherzinha, decidi agradar a todos, sorrir sem motivo, concordar, manter a voz macia. O que eu mais desejava era receber um abraço bem apertado de um moço que dissesse que iria cuidar de mim, que eu não precisaria me preocupar com absolutamente nada. Então eu tomei uma aspirina e passou.