das comédias e das tragédias
Vamos falar sobre a natureza humana. Seria ela essencialmente trágica ou cômica?
Depende. Sobretudo de como vemos e sentimos a coisa. Tragédia ou comédia depende de nós... Pelo menos é o que acho, e tive mais certeza de ver Melinda e Melinda, do Woody Allen.
A coisa começa num bistrô. Amigos discorrem sobre as tragédias e as comédias humanas. Um deles fornece a premissa - uma garota surge desavisadamente num jantar de amigos e causa constrangimento. A partir daí, cada um desenvolve a história de acordo com suas respectivas crenças.
Aquele que acredita na dramaticidade pinta Melinda neurótica, que irrompe cheia de malas e toda estropiada no jantar em que ator Lee organiza para um diretor de teatro. Ele, que deseja o papel principal numa peça, fica bravo - afinal, Melinda, amiga de adolescência de sua esposa, poderia escolher uma hora melhor para aparecer. Acontece que Melinda acabou de sair da prisão, matou o namorado, foi pega pelo marido com o amante FOTÓGRAFO, HAHAHA, perdeu a guarda dos filhos, não tem emprego, nem onde morar... É o começo de uma série de lamúrias sem-fim. Claro que ela acaba frustrada, depois de outro fracasso amoroso com um pianista, internada numa clínica psiquiátrica, depois de tentar se jogar pela janela.
Já o amigo do bistrô que acredita na comédia faz de Melinda uma tipa tão atrapalhada quanto encantadora. Ela bate à porta do ator fracassado Hobie justamente quando a mulher dele oferece um jantar a um possível investidor do seu futuro filme. Melinda não tem contas a acertar com ninguém, pelo contrário. Acaba de se mudar para o andar de baixo. Mas como a Melinda trágica, começará aos poucos a mudar a vida de todos ali. O tipão rico e sem cérebro arranjado a melinda acaba com a esposa de Hobbie e, enfim, ele se vê livre para se declarar à querida atrapalhada...
Daí que fiquei refletindo sobre o lado dramalhão que impera em mim. Não que minha vida seja uma comédia, mas também não é nenhuma catástrofe da qual eu não possa interferir e tenha de aceitar o fadado fim de ser a pessoa mais infeliz da face da Terra. Em mim também existem as duas Melindas e depende exclusivamente de mim a qual delas dar o papel principal. O script da minha vida não tá pronto.
Moral da história: a vida pode ser uma tragédia ou uma comédia, depende de como se olha para ela. Clichê, ok, mas é assim mesmo, né? Não são somente as escolhas que condicionam o destino do homem, mas o sentimento sobre elas e a maneira como lidam com estes sentimentos.
São risíveis os fracassos inevitáveis? São desabonadoras e melancólicas as desilusões amorosas? E amanhã, se vai rir ou chorar das perdas e das vitórias?
O que não se discute é o arbítrio do homem frente a seu destino...
Tendo em vista que a Melinda cômica acaba com o mocinho no final, é esse o meu lado Melinda que desejo que venha à tona. Também quero ser "feliz para sempre", ainda que a frase soe como uma grande piada dos contos de fada dos irmãos Grimm.
Depende. Sobretudo de como vemos e sentimos a coisa. Tragédia ou comédia depende de nós... Pelo menos é o que acho, e tive mais certeza de ver Melinda e Melinda, do Woody Allen.
A coisa começa num bistrô. Amigos discorrem sobre as tragédias e as comédias humanas. Um deles fornece a premissa - uma garota surge desavisadamente num jantar de amigos e causa constrangimento. A partir daí, cada um desenvolve a história de acordo com suas respectivas crenças.
Aquele que acredita na dramaticidade pinta Melinda neurótica, que irrompe cheia de malas e toda estropiada no jantar em que ator Lee organiza para um diretor de teatro. Ele, que deseja o papel principal numa peça, fica bravo - afinal, Melinda, amiga de adolescência de sua esposa, poderia escolher uma hora melhor para aparecer. Acontece que Melinda acabou de sair da prisão, matou o namorado, foi pega pelo marido com o amante FOTÓGRAFO, HAHAHA, perdeu a guarda dos filhos, não tem emprego, nem onde morar... É o começo de uma série de lamúrias sem-fim. Claro que ela acaba frustrada, depois de outro fracasso amoroso com um pianista, internada numa clínica psiquiátrica, depois de tentar se jogar pela janela.
Já o amigo do bistrô que acredita na comédia faz de Melinda uma tipa tão atrapalhada quanto encantadora. Ela bate à porta do ator fracassado Hobie justamente quando a mulher dele oferece um jantar a um possível investidor do seu futuro filme. Melinda não tem contas a acertar com ninguém, pelo contrário. Acaba de se mudar para o andar de baixo. Mas como a Melinda trágica, começará aos poucos a mudar a vida de todos ali. O tipão rico e sem cérebro arranjado a melinda acaba com a esposa de Hobbie e, enfim, ele se vê livre para se declarar à querida atrapalhada...
Daí que fiquei refletindo sobre o lado dramalhão que impera em mim. Não que minha vida seja uma comédia, mas também não é nenhuma catástrofe da qual eu não possa interferir e tenha de aceitar o fadado fim de ser a pessoa mais infeliz da face da Terra. Em mim também existem as duas Melindas e depende exclusivamente de mim a qual delas dar o papel principal. O script da minha vida não tá pronto.
Moral da história: a vida pode ser uma tragédia ou uma comédia, depende de como se olha para ela. Clichê, ok, mas é assim mesmo, né? Não são somente as escolhas que condicionam o destino do homem, mas o sentimento sobre elas e a maneira como lidam com estes sentimentos.
São risíveis os fracassos inevitáveis? São desabonadoras e melancólicas as desilusões amorosas? E amanhã, se vai rir ou chorar das perdas e das vitórias?
O que não se discute é o arbítrio do homem frente a seu destino...
Tendo em vista que a Melinda cômica acaba com o mocinho no final, é esse o meu lado Melinda que desejo que venha à tona. Também quero ser "feliz para sempre", ainda que a frase soe como uma grande piada dos contos de fada dos irmãos Grimm.
1 Comments:
Eu vi esse filme com uma pessoa e disse a ela: "Eu quero fazer da minha vida uma comédia". E a pessoa concordou, mas transformou minha vida numa tragédia.
Ok, isso foi trash. Isso foi auto-comiserativo. Isso foi deprê. Mas é que me lembrei e precisava escrever.
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